segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Texto dramático


A palavra teatro significa literalmente o lugar de onde se olha. O teatro é um espetáculo: como tal, requer a presença física de atores, representando para um público, dando vida a um texto através de palavras proferidas em cena. O texto de teatro é concebido para ser representado: ler uma obra de teatro impõe ter em conta como será representada. A peça de teatro não se reduz à linguagem verbal; comunica informações e produz efeitos através de todas as componentes do espetáculo.



 Ao texto dramático (que fixa o discurso das personagens) junta-se, no momento da representação, elementos visuais ( gestos, objetos, cenários, luzes...) e sonoros ( intonações, sons, música). O autor dramático escreve um texto com vista à representação, deixando sempre uma margem de liberdade ao encenador e aos atores que se apropriam do texto para o fazer reviver em cena. 

    Por isso, ler um texto de teatro não é o mesmo que vê-lo representado, sendo essencial para a sua leitura descodificar as informações contidas nas didascálias, que fazem parte integrante do texto dramático, e interpretar os sentidos múltiplos ou ambíguos atribuídos ás diferentes personagens, bem como as relações que estas mantêm entre si.
É constituído por:
  • Texto principal composto pelas falas dos actores que é ouvido pelos espectadores;
  • Texto secundário (ou didascálio) que se destina ao leitor, ao encenador da peça ou aos actores.
É composto:
    • pela listagem inicial das personagens;
    • pela indicação do nome das personagens no início de cada fala;
    • pelas informações sobre a estrutura externa da peça (divisão em actos, cenas ou quadros);
    • pelas indicações sobre o cenário e guarda roupa das personagens;
    • pelas indicações sobre a movimentação das personagens em palco, as atitudes que devem tomar, os gestos que devem fazer ou a entoação de voz com que devem proferir as palavras;

Acção – é marcada pela actuação das personagens que nos dão conta de acontecimentos vividos.
Estrutura externa – o teatro tradicional e clássico pressupunha divisões em actos, correspondentes à mutação de cenários, e em cenas e quadros, equivalentes à mudança de personagens em cena.
O teatro moderno, narrativo ou épico, põe completamente de parte as normas tradicionais da estrutura externa.
Estrutura interna:
  • Exposição – apresentação das personagens e dos antecedentes da acção.
  • Conflito – conjunto de peripécias que fazem a acção progredir.
  • Desenlace – desfecho da acção dramática.
  • Classificação das Personagens:
* Quanto à sua concepção:
  • Planas ou personagens-tipo – sem densidade psicológica uma vez que não alteram o seu comportamento ao longo da acção. Representam um grupo social, profissional ou psicológico);
  • Modeladas ou Redondas – com densidade psicológica, que evoluem ao longo da acção e, por isso mesmo, podem surpreender o espectador pelas suas atitudes.
* Quanto ao relevo ou papel na obra:
  • protagonista ou personagem principal Individuais
  • personagens secundárias ou
  • figurantes Colectivas

Tipos de caracterização:
  • Directa – a partir dos elementos presentes nas didascálias, da descrição de aspectos físicos e psicológicos, das palavras de outras personagens, das palavras da personagem a propósito de si própria.
  • Indirecta – a partir dos comportamentos, atitudes e gestos que levam o espectador a tirar as suas próprias conclusões sobre as características das personagens.

Espaço – o espaço cénico é caracterizado nas didascálias onde surgem indicações sobre pormenores do cenário, efeitos de luz e som. Coexistem normalmente dois tipos de espaço:
  • Espaço representado – constituído pelos cenários onde se desenrola a acção e que equivalem ao espaço físico que se pretende recriar em palco.
  • Espaço aludido – corresponde às referências a outros espaços que não o representado.
Tempo:
  • Tempo da representação – duração do conflito em palco;
  • Tempo da acção ou da história – o(s) ano(s) ou a época em que se desenrola o conflito dramático;
  • Tempo da escrita ou da produção da obra – altura em que o autor concebeu a peça.
Discurso dramático ou teatral:
  • Monólogo – uma personagem, falando consigo mesma, expõe perante o público os seus pensamentos e/ou sentimentos;
  • Diálogo – falas entre duas ou mais personagens;
  • Apartes – comentários de uma personagem que não são ouvidos pelo seu interlocutor.
Além deste tipo de discurso, o tecto dramático pressupõe o recurso à linguagem gestual, à sonoplastia e à luminotécnica.
Intenção do autor - pode ser:
  • Moralizadora;
  • Lúdica ou de evasão;
  • Crítica em relação à sociedade do seu tempo;
  • Didática.
Formas do género dramático:
  • Tragédia
  • Comédia
  • Drama
  • Teatro Épico.

Outras características:
  • Ausência de narrador.
  • Predomínio do discurso na segunda pessoa (tu/vós). 

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